domingo, 29 de abril de 2012

Como disse que disse?

Ninguém me compreende. Não o digo sob o ponto de vista de uma drama queen, não é que eu me sinta ignorada e excluída da sociedade. As pessoas não compreendem o que eu digo, foneticamente falando. Nunca tive problemas deste foro mas, ultimamente, a minha dicção deve ter vindo a piorar, ao ponto de fazer arrepiar os grandes oradores da Grécia Antiga. Começo a pensar, seriamente, em procurar um terapeuta da fala, para ver se deixo de ouvir constantemente ahh?,  hein! e quê?. 
Eu não sou um bom exemplo de uma pessoa paciente, confesso. Frustra-me imenso, por vezes, ter de repetir uma ou duas vezes a mesma frase, perante um olhar arregalado e perdido. E o cenário piora, exponencialmente, numa conversa telefónica porque a minha entoação ao repetir é ainda mais ridícula, já que sou obrigada a falar muito devagar e pausadamente como se me dirigisse para uma criança pequena, surda e com um atraso cognitivo. En-tão...Co-mo...Co-rreu...O...Teu...Dia? À terceira, já o digo a gritar.   
Tenho de me disciplinar por forma a abrandar o meu discurso e melhorar a pronúncia de cada som. Corro o risco de, um dia destes, ter toda a gente a responder-me com acenos e sorrisos mecânicos e hesitantes, ao jeito de quem não entende o que lhe foi dito mas também não quer pedir para repetir. Pois, pois... Que é a resposta que os sopinhas de massa em estado avançado, e portadores de outros problemas de dicção, mais devem receber, coitados, agora percebo a sua dor. 


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