quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Quadrada

É uma nomenclatura, como outra qualquer, e vai-se a ver, aflige-me resolver uma equação em busca do valor de outra coisa que não xis. Ó pá, não-me é natural. A meio, já não sei onde anda a incógnita, o passou a 2 ou o ípsilon transfigurou-se num 4. E estas são as letras que o meu cérebro considera no domínio do razoável. Agora, aparecerem-me agás e éfes. Senhores da Porto Editora, agá é altura e éfe é função.
Um cabeça-no-ar agarra-se a estes mecanismos de organização para atingir o nível de eficiência de um adulto médio. Mecanismos que passam por ter muita cautela ao designar incógnitas. Se eu tiver palavra na matéria, uma variável vai ser sempre xis. As constantes são kapa. No máximo, á ou , que é o que ainda faz algum sentido. Se é inteiro, éne.
Não vejo que seja assim tão mau seguir convenções, de vez em quando. Então se não se tem a caligrafia mais regular do mundo...


O texto original tinha 2x o comprimento. Abusei, abusei nos trocadilhos com conceitos matemáticos. Tudo apagado. Puxei do Português e indrominei uma síntese. No final de contas, ficou igual ao litro (que é como quem diz, igual ao decímetro cúbico). Já agora, um momento para reparar naquilo que é chamar capacidade ao volume.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Exhibit nº1


Está a ver, eu nunca senti que fosse mais ajuizado não ser eu, ao pé de si. Nunca me ocorreu disfarçar as falhas com purpurinas, vestir as inseguranças com pele de cordeiro e certeza absoluta, de me proteger do seu julgamento, que não julguei existente. Não me lembrei de agigantar os meus sucessos, aos seus olhos, para que os admirasse, em alta resolução. Sabe, aos meus olhos, entre nós, não havia cerimónias. Triste, não forcei o sorriso, coerente como só sei ser, com as pessoas de casa. 
Percebe, estes anos todos, achei que era de casa. Todos estes anos, não percebi que sou uma visita. Daquelas que exigem cuidado e trabalheira antes de receber e a quem não se está à vontade para dizer, agora vá se lá embora que tenho de ir fazer o jantar. Não imaginei que desatasse a correr buscar a vassoura quando partisse o copo. Compreenda a minha surpresa. Desculpe-me, por o ter recebido em minha casa, com a toalha de todos os dias, sobre a mesa, com sombras de nódoa de vinho e café. Se me tivesse avisado, teria posto uma das toalhas de linho, não vá o amigo regressar a sua casa com a impressão errada. Espero que não se tenha ofendido comigo, não foi por mal. Merece tudo do melhor. Merecia a prata e a porcelana.
A vida corre, invariavelmente, bem, obrigada. Nunca pior, enquanto houver saudinha. Desculpe não ter tido essa deferência consigo, polida opacidade. Tratei-o com a transparência habitual de quem entra pela porta da cozinha, sem limpar os sapatos no tapete. As minhas palavras não costumam ter um significado alternativo, não perca tempo a tentar desconstruí-las. 
O amigo vai desculpar-me, eu tenho o maior respeito por si, mas não me apetece. A canseira é tal e não consigo puxar pela cabeça. Não me peça isso. Não fique triste. Não se esforce. A sua expectativa é demasiado pesada para mim. Por favor, não me obrigue a calcular, não torne cada conversa na defesa, ansiosa, da minha intelectualidade. do meu valor e excepcionalidade. Esteja à vontade para corrigir-me a cada gaffe, mas não espere que faça o mesmo. Não tenho como provar-lhe não ser miserável. Não tenho como provar-lhe a veracidade da minha felicidade, não me mace. 
Fazemos assim, quando me vir na rua, pergunte-me como vou. Hei-de responder-lhe positivamente, da forma mais convincente que conseguir. Delicadeza, em nome dos bons tempos. O amigo devolver-me-á o seu sorriso, ainda mais largo, mais branco. Eu não duvidarei de si, para mim não é difícil, entende? Eu conheço-o de ginjeira, bem sei que é um tipo porreiro.


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Simon & Garfunkel - El Cóndor Pasa

Endlessly, on loop. 




Yes, I would.

Conduzir com um Sabichão ao Lado,

é como estar, sossegadamente, sentado ao computador, a jogar solitário, até que passa alguém por trás de nós que decide permanecer. Com o queixo a tender para o nosso ombro, expirando, ruidosamente, na nossa cabeça, e entretido a apontar-nos todas as próximas jogadas. 


Instala-se a urgência de recuperar o divertimento perdido, sem ser mal-educado. A estratégia óbvia é alegar a falta de vontade ou aptidão para jogar solitário. Passamos para o, significativamente, menos popular, freecell. À partida, a assistência acabará por desmotivar. Caso contrário, recorre-se ao minesweeper
Infelizmente, nunca pude fazer uso das copas, é jogo que nunca entendi. 

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Rone - Bye Bye Macadam

RTP 3: Rui Rio

Conhecimento, discernimento e rectidão são qualidades incomuns na nossa esfera pública, ergo sabe sempre bem ouvi-lo. Opiniões claras e concretas de quem, calculo, não deve nada a ninguém, e a ponderação e sensatez de quem fala com imparcialidade.

Assistir


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Lume Brando

Uma beata de cigarro mal apagada cai ao chão e queima um pinhal, assim, enquanto o diabo esfrega um olho. Venham bombeiros, populares, helicópteros, venha quem vier. Isto é o que acontece nas matas. Na lareira, meia dúzia de troncos não ultrapassam uma incandescência tímida. Nem pinhas me valem, nem acendalhas, sequer o jornaleco com a promoções do LIDL parece querer dar-se ao trabalho de se inflamar. Confusas, as leis deste Universo. 
Ahh, eu não passo incólume pelo Inverno, não, senhor. Sofro muito com esta história do frio. Quando se é viciada em calor, estes meses sugam a joie de vivre e, chegando a Fevereiro, já gastei todas as reservas de resignação e perseverança. Acabou-se a brincadeira, dêem-me o Verão de volta!

Hit me, Shirley!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Quem Ganha ou Perde, Potato, Patato...

Nem vou realçar a performance do Ricky Gervais, não vou pôr aqui um vídeo de uma hora de momentos hilariantes. A importância dos prémios é facilmente questionável but, oh, the fun stuff in between...

 

Jimmy, Jimmy, Jimmy... 



Estigmatização Matinal

Caraças, uma pessoa acorda  levanta-se da cama enquanto o Sol ainda nem está no céu, arrasta-se, a custo, até ao quarto de banho e, quando dá por si, já se queimou no aquecedor a gás. Aquilo ainda é quente, suficientemente quente para me ter deixado a coxa quadriculada. Gera-se a discórdia entre a perna esquerda à arder e a direita a morrer de frio. Ganha a primeira, a dor, rapidamente, se torna insuportável. Bendito Halibut! Passo a publicidade, é claro, se a Medinfar quer propaganda (e só eu sei como este blog tem visitas, ó festa!), tem que pagar devidamente. 
A minha pele lateja em jeito de acusação e olha-me com aqueles olhos tão vermelhos de inflamação. Prometo que tenho mais cuidado para a próxima, só não fiques feia e com cicatriz, só mais desta vez. É como se tivesse tentado fazer waffles da minha própria carne. Waffle, foneticamente, wófal. Não weifal, não weifar. E se for em francês é gaufre, que é como quem diz gôfrre, não gófre. Na dúvida, é gradinha, como a minha avó lhes chamava. Gradinha, é exatamente o que tenho marcado na perna, não vá o cavalinho perder-se no pasto. Em casa da minha avó havia um ferro muito parecido com estes.


Para fazer gradinhas no forno de lenha.


Le Déjeuner Sur L'Herbe transfigurando-se num blog de culinária. É a oitava categoria de blogs mais popular, muito à frente de Celebrity Gossip e DIY. Um dia, quando falecer e reencarnar numa fada do lar, quem sabe...

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O "Filme Dos Óscares" Que Vale A Pena Ver


The
Big
Short

- I don't get it. Why are they confessing?
- They're not confessing.
- They're bragging.

Petricor


(do gregoπέτρᾱtransl.: pétrātrad.: "pedra" + do grego:
 ἰχώρtransl.: ichṓrtrad.: "fluido eterno", "sangue dos deuses") 

Aquele cheirinho da terra molhada, depois da chuva.

Aquele, que surge logo após o choro angelical das nuvens sobre a terra e antes do arco-íris colorir o firmamento.