sábado, 25 de agosto de 2012

A magia negra, Zeus e os riscos de jogar fora de casa


Estava eu a ler um daqueles "rankings", que são mais compilações de casos, e que no caso eram as 10 mortes mais estranhas de sempre. Pelos casos reportados bem podiam ser as mais estúpidas, visto entre elas figurarem histórias como a de um homem que morreu asfixiado com um preservativo que enfiou na cabeça ou um advogado que tentou convencer os seus estagiários que os vidros do escritório eram inquebráveis atirando-se contra eles (o escritório era num prédio). Mas o que mais me chamou a atenção passou-se num jogo de futebol. Então parece que, estando as duas equipas que se defrontavam empatadas a um golo, cai um relâmpago no campo, vitimando fatalmente 11 jogadores. Todos da equipa visitante! Ora isto tem mesmo ar de ser uma daquelas tretas sem qualquer fundamento que circulam na internet aos magotes. Fui pesquisar fontes mais fidedignas. Achei a BBC News suficiente para o requisito. Foi verdade, pelo menos há uma notícia do tal acontecimento. Foi no longínquo ano de 1998, na longínqua República Democrática do Congo. O órgão de imprensa do governo e um jornal congolês dão conta da história, sem grandes pormenores, dizendo apenas que "curiosamente todos os jogadores da equipa da casa saíram ilesos" e que a população local atribui o feito a feitiçaria ou magia negra, "muito usada na região em jogos de futebol". Não houve outras fontes, independentes, a confirmar a história e não havia na região qualquer jornalista internacional para poder atestar minimamente alguma coisa devido ao conflito armado que se vivia e vive na região. Ora para mais com um conflito armado na região que não é nem mais nem menos que o conflito armado que mais pessoas matou depois da segunda guerra mundial. Eis o que eu penso: ou os visitantes esqueceram das chuteiras, tiveram de jogar descalços, e usaram a táctica da coagulação no preciso momento em que caiu dos céus o raio mesmo no meio deles ou então, cá para mim, o "relâmpago" deixou orifício de entrada nos malfadados visitantes, e de saída nos que não conservaram um pedacinho metálico de relâmpago no seu cadáver.
Eu não sei, mas a história parece um bocadinho, só ligeiramente, improvável demais. E é logo, é sempre, nestas fantásticas histórias que não está disponível quase nenhuma informação. Pudesse ao menos ter ocorrido num local onde houvesse câmaras, mais espectadores, jornalistas... Mas não, nada disso, tinha que ter ocorrido logo envolta no nevoeiro das florestas chuvosas do Congo.
A magia deve chamar-se negra tanto pelos seus resultados sombrios como pelo manto imperscrutável que sempre envolve os seus procedimentos.

6 comentários:

  1. Ca gande LOL.
    "o "relâmpago" deixou orifício de entrada nos malfadados visitantes, e de saída nos que não conservaram um pedacinho metálico de relâmpago no seu cadáver." :-D É mesmo isso.

    ResponderEliminar
  2. Psst, ó menino, os textos são para serem justificados, sim?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A forma aleatória e livre dos meus textos não justificados reflecte as características do conteúdo dos mesmos, que não pretendem enquadrar-se em nenhuma forma ou categoria pré-definida. É a minha imagem de marca ;P

      Eliminar
    2. Este blog é uma ditadura e a tua imagem de marca não é bem vinda aqui. :PP
      Doravante, justificarás todos os teus textos, sob pena de ostracismo. Olha que eu mando-te para o meio da savana africana!

      Eliminar

Speak up your mind!