sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ai Os Meus Nervos

Há gente pobre (este adjectivo, não se verificará neste caso) e mal agradecida, irra!


Sendo eu uma rapariga que até arranha o inglês, resolvi prestar-me a fazer umas traduçõezinhas para ganhar uns trocos para os "extras". Coloquei uns anúncios por aí e eis senão quando, recebo um telefonema de um senhor que me pede uma tradução e um orçamento. Acontece que esse telefonema surgiu no meio da minha sesta pós-prandial e numa altura em que eu ainda não tinha considerado qualquer preço por palavras, linha ou frase. Tentando não entrar em pânico, pedi ao senhor que aguardasse e que eu lhe ligaria mais tarde, ao que ele acedeu. 
Meia hora depois, ligo para o número fixo que ficara guardado no meu telemóvel e após algum tempo a chamar, atende-me uma voz feminina que me pergunta se quero marcar alguma coisa, ao que eu respondo que não, que quero só falar com um senhor que me ligara meia hora atrás a pedir uma tradução. A senhora diz que não sabe quem é e eu resigno-me e desligo. 
De tarde, ao sair da minha aula de Parasitologia, reparo que tenho uma chamada perdida do dito número. Volto a ligar, e fico a saber que o tal número era o número geral do Hospital de São João e, penso: mas que raio de palerma é que me liga do telefone do Hospital e quando lhe digo que ligarei mais tarde não me dá o próprio contacto? Duh!
Fiquei à espera, mas não voltou a ligar-me... até esta segunda-feira. Aí, ligou-me e eu já tinha um preço (que é metade ou menos do que se costuma pedir para linguagem CORRENTE, sendo que o texto dele era de linguagem TÉCNICA) para lhe propor e um prazo de entrega de 10 dias após recepção do texto no meu e-mail. Pois o senhor disse-me que tinha urgência e que precisava do texto para esta mesma semana. Ora, eu que nunca tinha cogitado fazer aquilo em menos de uma semana, boa samaritana que sou, acedi ao pedido, salvaguardando que em caso de emergência o preço subiria. E traduzi-lhe aquela porcaria em 3 dias!!! 15 páginas a cheias de termos médicos, muitos dos quais eu conheço, mas ainda assim TÉCNICOS e eu fartei-me de andar à procura no Google, para me certificar que todos os termos estavam correctos no português de Portugal. 
Enfim, quase não estudei para as minhas aulas laboratoriais por causa daquilo. Hoje de manhã, como marcado, o senhor veio cá a casa para rever o texto comigo. Correcção aqui, correcção ali, acabámos a revisão. No fim, pergunta-me qual é o preço. Eu, tão boazinha, peço-lhe 15 euros acima do preço base que lhe teria pedido se tivesse tido 10 descansados dias (com um fim-de-semana no meio, que me teria dado imenso jeito) para a tradução. E não é que o homem tem a desfaçatez de tentar negociar comigo? Porque  para mim, que estudo Ciências Farmacêuticas aquela linguagem é, praticamente, corrente, blá blá blá... faça-me lá um descontinho  a pensar em futuros trabalhos que lhe peça... E eu, Maria Inês, que sou uma menina muito bem comportada acalmei-me e coibi-me de lhe berrar MAS O SR. 'TÁ PARVO OU QUÊ? TEM NOÇÃO QUE O PREÇO QUE LHE FAÇO  JÁ É BAIXÍSSIMO E QUE EU TIVE TRÊS DIAS FEITA ESCRAVA A TADUZIR-LHE UM TEXTO QUE VOCÊ FOI DEMASIADO PREGUIÇOSO OU INCOMPETENTE PARA TRDUZIR?????  ACHA QUE TENHO ALGUM INTERESSE EM PASSAR HORAS E HORAS A TRADUZIR UMA PORCARIA DE UM MANUAL DA UEFA PARA MÉDICOS DESPORTIVOS? ACHA? ACHA?! SEU PALERMA! AH,E JÁ AGORA, DEIXE DE SER 93 PORQUE EU GASTEI UM BALÚRDIO A LIGAR-LHE, PARA NÃO FALAR DOS 2 TELEFONEMAS PARA O HSJ. É que já ninguém é 93 neste planeta!
Limitei-me a explicar-lhe que mediante o grande esforço que fiz e o preço já de si baixo não poderia baixá-lo ainda mais, bom dia, passe bem (mal!, unhas de fome ingrato).  


E OLHE, EM BOM PORTUGUÊS É GLUCAGINA E ESPINHAL, NÃO GLUCAGON E ESPINAL! MAS SE QUER SER BURRO ESTEJA À VONTADE. 

E URTICÁRIA E PRURIDO, OBVIAMENTE, NÃO SÃO A MESMA COISA.



Ok, precisava de desabafar, já me sinto bem mais calma.


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