domingo, 23 de dezembro de 2012

Termodinâmica do advento

Com um tempo como este uma pessoa anda 10 min na rua e fica com as mãos geladas. Depois chegamos a casa e queremos aquecê-las, porque não se desfruta do conforto de um lar tendo as mãos frias. Há quem as submeta à água morna, mas a água morna nas mãos geladas parece queimar, chegando a nem ser tão agradável assim. Outros apresentam-nas à frente do aquecedor, na esperança que este lhes retribua o prazer da companhia com uma agradável transferência de calor. Mas a convecção nunca foi o modo mais eficiente de transferir o calor, e há sempre aquela sensação de insatisfação face à velocidade a que as mãos estão a aquecer, e ainda por cima o ar das correntes (da dita convecção) seca as mãos. E ainda há as frieiras!
Agora o que é mesmo bom, o que é exactamente satisfatório, é o calor humano. No que toca ao calor não há nada tão bom como a condução. Tão rápido, tão eficaz, sem nunca cruzar contudo o limite do desagradável. A perfeição não existe porque é um ponto teórico, pequeno demais para ser tangível, entre o sub-óptimo e o excessivo (apontem esta frase que vai aparecer nas minhas quotes na wiki um dia destes). Mas nesta matéria ela existe e é em si o calor doce, dinâmico e perfumado que emana o corpo humano. Por isso, em tempo Natal e de crise, que se poupe água e luz, que se evitem as frieiras, que se dêem as mãos e que se dê o resto, que o frio e a neve ajudem a ligar as pessoas e não os aquecedores! É esta a minha mensagem de Natal!

2 comentários:

  1. Essa definição da perfeição deixou-me muito tempo a pensar agradavelmente. É que me parece muito fiel. Mas quanto ao corolário, não me parece pequena demais para ser tangível! Acho que é elevada demais para ser tangível mas muito pequena para que possa ser saboreada!

    Este belo blog é uma caixinha de Pandora (neste caso com surpresas muito bonitas!)

    Gonçalo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Bem, tendo em conta a definição sou obrigado a concordar. Para sermos precisos ela é tangível, e será atingida até muitas vezes, mas de uma forma tão fugaz, tão passageira no meio da transição do que era insuficiente para o que se tornou demasiado (ou vice-versa) que nem é, como tu dizes, saboreada. Mas se o equilibrismo para ficar nesse cume é tão difícil, se o tempo que permaneces nesse ponto é tão pouco que quase nunca te consegues aperceber, se não o sentes, na prática acaba por ser intangível. Claro que esse ponto na maioria das coisas é elevado, e atingir essa altura é difícil, mas acho que não é o mais difícil, o mais difícil é ficar lá.

      Obrigado pelo teu comentário Gonçalo! Fico mesmo contente que aches isso.

      Eliminar

Speak up your mind!