sábado, 4 de janeiro de 2014

Os Festejos do Ano Novo

Curioso este hábito de celebrar, com tanto fulgor, o quê afinal? A Terra ter completado mais uma volta em torno do sol? Não é bem isso, porque a órbita terrestre não tem propriamente um início ou fim. Se fosse essa a ideia celebrava-se no equinócio ou no solstício. Celebrar então que a Terra tenha dado mais uma volta em torno do sol, desde a celebração do ano passado?
É uma celebração um bocado oca, até estúpida, mas já está tão enraizada culturalmente que é bastante difícil darmos conta disso.
O que há a celebrar na passagem de ano é haver uma desculpa generalizada para uma festa generalizada. Há a celebrar ter uma boa oportunidade para um bom convívio. É talvez o dia mais fácil do ano para convencer toda a gente de que tem que se juntar para fins meramente recreativos. Não há, em si, grande razão de alegria por mudar o número do ano do calendário gregoriano.
Engraçado também, mas de existência mais compreensível, são as resoluções de ano novo. É uma data fácil de decorar, um marco, para olhar para trás, contextualizar no tempo e avaliar. Estes dias de Janeiro devem aqueles em que a Humanidade tem mais expectativas e planos. Vão depois, é claro, esmorecendo ao longo dos primeiros meses do ano, discretamente vão-se esbatendo, sem querermos dar por isso (incomoda reparar que não cumprimos o que nós próprios queríamos), até à transparência total.
Se não houvesse passagem de ano, seria este mundo um mundo pior? A julgar pela quantidade de boas decisões e bons planos traçados nesta data dir-se-ía que sim, mas uma segunda análise, que considera a perseverança das mesmas, indicia-nos que não seria grande a diferença.
Então, moral da história, aproveitem as passagens de ano acima de tudo como uma oportunidade de passar um bom bocado — é essa a única razão legítima para a sua existência festiva. Quanto a reavaliações, correcções e feitura de planos para endireitar a vossa vida, isso não é para ser feito nessa data, mas sim diariamente!

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Tirar Teimas

Zé Manel, a propósito da nossa discussão gerada pelo meu post "Dica", sugiro que faças a experiência e postes aqui o resultado. Faz isso tal qual um anúncio da Neoblanc ou da Blanka Oxi Action. Faz água versus leite e vê o resultado. Assim, tiramos essa dúvida pertinente que colocaste. Porque este blog é muito conhecido pelo seu forte serviço público, parece-me errado deixarmos os nossos leitores sem uma resposta concreta. Suja 2 trapos com marcador preto. É pena já não existir molin, porque essa foi a marca com que pintei as calças.

B Fachada - O Fim

Este menino, não sei se é ele que fala ou o canábis que circula naquele cérebro, mas para além da sonoridade incrível tem sempre este estilo elevado mas próprio de escrever. Poesia erudita e popular ao mesmo tempo.

Já estou tão perto. Depois do deserto, quantas bocas cantarão?(...)Quando eu estou fora, toda a gente me adora, nunca durmo no chão...Corta na novela, para não criar mais bicho, se o amor te apela, dá-lhe exercício, parte uma costela para o osso ficar maciço.

O pesadelo de se ser adorado

Más notícias para os galináceos

Parece que pela primeira vez nos últimos cem anos (que é desde quando há registos minimamente fiáveis), a carne de frango é preferida à carne de vaca nos Estados Unidos.

meat consumption
(os interessados poderão ler a notícia aqui)

Uma óptima notícia para os produtores de frangos, uma péssima notícia para os frangos produzidos. Mundo de contrastes este...

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Dica

Um pouco off-topic e, no fundo, até nem é, com respeito à publicação "Ser Diferente - tirar nódoas de iogurte com sumo de cerejado Zé: uma óptima forma para tirar manchas de marcador é lavar com leite a ferver. Digo-o com conhecimento de causa. Prestem atenção que não duro sempre nem toda esta sabedoria de criança reguila e trapalhona.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Jamie Cullum - Twentysomething


Ah, e tal, porque é jovem... Qualquer semelhança com a minha realidade é pura sinceridade.

Attention Whores

Aqueles a quem, por engano, ao seleccionar o destinatário, enviamos um sms destinado a outra pessoa e que, em vez de perceberem, automaticamente, que não era para eles e ignorarem, estupidamente respondem:

- Ahh?

ou

- Quê??

ou

- Não percebi nada. 

ou equivalente.

Mesmo quando é alguém com quem nunca falamos, e cujo número de telemóvel está na lista de contactos há anos porque, simplesmente, nunca nos lembramos de apagar. Mesmo quando o conteúdo da mensagem é algo ultra-específico, obviamente não direccionado ao destinatário erróneo. Apesar das evidências, não resistem a brindar-nos com um Quê? só para nos darem ao trabalho de redigir uma explicação Desculpa, enganei-me ao seleccionar o contacto. Não era para ti, CLARAMENTE! -.-' -.-' -.-' (maísculas e caras de enfado subentendidas, claro, há que manter a cordialidade).
Torna-se, especialmente, irritante quando sucede diversas vezes com o mesmo indivíduo. A mente humana, ironicamente, tende a repetir os mesmos erros. Distrações habituais desembocam em repetidos enganos e, consequentemente, repetidas erratas absolutamente desnecessárias mas peremptoriamente exigidas 

A Náusea

"A minha tia Bigeois dizia-me, quando eu era pequeno: «Se olhares muito tempo para o espelho, acabas por ver um macaco.» Olhei muito, muito tempo, com certeza: o que lá vejo está muito abaixo do macaco, na fronteira do mundo vegetal, ao nível dos pólipos." 
Jean-Paul Sartre, in A Náusea

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A Esmola Injusta

A esmola mais genuína que alguém pode dar, a mais difícil mas também a mais livre (e talvez por isso mais valorosa?), é aquela que é dada ao jovem ou adulto, que tem capacidade mais que suficiente para trabalhar, que é pedinte não porque a vida não lhe tenha dado oportunidades de não o ser, mas porque nunca as aproveitou. Essa é a esmola espontânea, independente, justa.

A esmola que damos mais facilmente é uma esmola condicionada. É a esmola que damos a um idoso ou uma criança, incapaz de trabalhar, inválido, frágil, doente ou deficiente. É um sentimento quase de culpa que descomprime os fechos das carteiras e facilita a retirada da pequena contribuição. É uma culpa pela nossa vantagem injusta, pela nossa sorte imerecida. É a dúvida subconsciente se a sorte e as oportunidades não serão de algum modo finitas, e distribuídas homogeneamente pelas pessoas, até esgotarem. E nessa ligeira angustia que vem perturbar a nosso importante dia, lá paramos e damos uma moeda. Cedemos um bilionésimo da nossa vantagem em prol do desventurado que nos apareceu para perturbar a nossa paz interior, paz essa alicerçada no esquecimento treinado. Atiramos um grão de areia para o outro prato da balança e seguimos caminho com a pose e a sensação de ter corrigido um desequilíbrio de toneladas. E a nossa paz não só é restaurada como é até orgulhosamente reforçada.  Essa esmola é injusta. É injusta porque parca, porque insuficiente, desproporcionalmente pequena para o bem que nos faz sentir. É injusta porque apesar de escassa ainda consegue não ser genuína. Porque é dada talvez mais a pensar no nosso bem estar interior que na ajuda a quem a recebe.

Obama


Acredito que não seja preciso dizer qual deles é.



The Lady of the Sunshine — Anna


sábado, 14 de dezembro de 2013

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Frozen Heart

O bom de não ter sentimentos é não se poder ficar triste por causa disso.

A Sabedoria Popular

À deriva na internet, sem bússola nem astrolábio, atraquei aleatoriamente numa publicação com expressões populares portuguesas. Logo nas primeiras três que li encontrei um elo comum, um sentido ignóbil, mais ou menos explícito, em todas elas. Eis que elas foram:

"Ao Diabo e à mulher nunca falta que fazer." Alusão óbvia ao trabalho com as panelas a que ambos estão destinados — um a cozer batatas o outro a cozer pessoas.

"Ao menino e ao borracho mete Deus a mão por baixo." E isto lembrou-me que ao borracho tudo bem, mas ao menino é pedofilia.

"Ele a dar-lhe e a burra a fugir." Opá este nem merece comentários.

E depois disso ainda não li mais nada, (nem sei se vou ler, vou antes ver se as marés me levam a outro porto) porque vim "de caminho" (adoro esta expressão) escrever isto.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Ser Diferente - tirar nódoas de iogurte com sumo de cereja

A fuga em massa das escolhas das grandes massas gera uma idolatria generalizada por coisas de pouco valor, que consegue ser ainda mais estúpida do que a idolatria generalizada por coisas de valor razoável da qual se tentaram desassociar. 

Ser diferente é bom? É, ou melhor, pode ser. Não é bom isoladamente, é bom se associado a algo bom. É um potenciador de mérito, sem ter mérito por si. 
A mim não me interessa saber se é diferente ou se é novo sem saber se presta primeiro. Ser diferente é muito fácil. O desafio é ser pelo menos tão bom como o que já existe, de uma forma alternativa. Isso sim é valoroso!
É ridícula a febre pelo que chega novo e diferente, e ela é epidémica. Atinge desde as artes, à tecnologia, à culinária e até os medicamentos, veja-se bem!
Haja bom senso...

Silva - A visita


Uma sonoridade leve, alegre, quase a pedir para dançar, e certamente a deixar menos carregado o humor de quem acaba de ouvir.
A um trabalho tão agradável e original acresce o valor de todo este efeito ser causado por apenas dois músicos, e ao vivo!
E não podia acabar sem deixar o trocadilho previsível: aconselho a visita não só a este e outros trabalhos do artista. Vale a pena.