sábado, 6 de junho de 2020

Não Há Beleza Como a Tosca

Não há beleza como a tosca.
Uma pétala em falta.
Um pardal comum.
Um muro de pedra
erodido.
O cabelo desalinhado
soprado no vento.

Não há beleza como a tosca.
Um encanto que é o do mato
olhado como um jardim.
Uma pinha aberta em flor.
A cor da madeira,
o arranjo dos seus nós.
Os nós dos dedos,
finos,
trémulos por vezes.
Uma voz e os medos
finos,
trémula por vezes.

Não há beleza como a Toscana
e eu que nunca lá fui!
Um vestido primaveril numa manhã de domingo

e as manhãs de domingo sempre com sol.

Uma cicatriz pequena escondida algures

e uma história imprecisa que se avançou.

As flores ao regaço
e o regaço florido.


Uma ousadia hesitada em timidez.
Um travo de estática a confirmar uma música antiga.
Ingenuidade e astúcia,
sorrisos fáceis e desafetados,
sorrisos fáceis e de fácil análise.
Um jeito lasso, laxo,
lânguidos corpos
lânguidas tardes,
sol, erva, brisa, simples, pouco.

Não há beleza como a tosca.
Haverá sequer outra?


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