domingo, 9 de setembro de 2012

Tirem-Me Deste Filme


Conhecem  aquela sensação de Uh-Oh, aquele súbito momento em que percebemos que acabamos de nos meter numa alhada ou, como diriam os nossos caros amigos brasileiros, numa fria? Pois bem, eu ontem à noite meti-me numa gelada. Lembram-se de vos ter dito que estou a estagiar em Faro, pois bem, precisamente por cá estar praticamente sozinha há uma semana, fiquei contente quando na 6ª um colega da Plural me perguntou se queria ir a um jantar no sábado à noite do pessoal lá do armazém. Ingenuamente, aceitei. 
Após um belo, embora solitário, dia de praia na Ilha do Farol, voltei para casa para me arranjar.  E, como é meu hábito aos sábados à noite, emperiquitei-me. Vieram dois colegas buscar-me e, a meio da viajem, fiquei a saber que o meu orientador não iria porque tinha o filho doente, bolas, pensei eu. Mas pensei ainda mais bolas quando o carro parou bastante longe de Faro, para entrarmos num tasco no meio de  nenhures e me apercebi de que as duas únicas mulheres que trabalham lá no armazém também não estavam. Estava eu, Inesinha, de batôm vermelho e salto alto, enfiada numa noite de gajos, quase desconhecidos num sítio ainda mais desconhecido, para comer um javali que um deles havia caçado. Arrependimento foi a sensação que,  predominantemente, se abateu sobre mim  .
Todavia, como eu até sou uma pessoa optimista resolvi não entrar em pânico, afinal de contas só teria de aguentar até ao fim do jantar, logo após o qual alguém me levaria a casa. Sendo que apesar de não ter afinidade com eles, até se tratam de gente simpática, não vi as coisas muito mal paradas. E depois de muito blá blá blá regado de cerveja e vinho, resolveram, para meu deleite vir embora.
Estávamos à porta do estabelecimento onde Judas perdeu as botas, e um deles achou graça à ideia do grupo todo se mitrar numa festa de anos de um amigo de um deles. Inês manteve-se na boa, afinal de contas, desde que a deixassem imediatamente em casa, eles depois até poderiam ir todos para a África Meridional alimentar as girafas que não haveria o menor problema.
Mas, aparentemente, a casa da minha tia não ficava a caminho da casa do aniversariante, antes pelo contrário, vamos em direcção a Faro mas fazemos só uma curta paragem para beber uma cerveja. Atenção, que quem me disse isto foi a pessoa que iria conduzir a viatura que, alegadamente, me levaria a casa, logo fiquei descansadíssima, como podem imaginar.
Chegando lá, vejo outro grupo um pouco mais tocado pelo álcool do que o nosso, a beber e a ouvir música à beira de uma piscina. Seu já me encontrava MUITO desagradada com aquele desaire nos planos (quem me conhece bem sabe que o sono é capaz de fazer desaparecer toda a minha paciência e bom-humor, e se eu estava com sono! Passava já da meia-noite numa semana durante a qual acordei todos os dias às 8h), entrei em pânico com a ideia de que eles se lembrassem de se atirar à piscina e por lá se demorarem. Felizmente o meu pior receio não se concretizou mas ainda lá estive mais de uma hora a ouvir raparigas histéricas (não sei quem se lembrou de dizer que as pessoa do Norte do país falam alto) a falarem aos meus ouvidos. Conseguiram perguntar-me dez vezes se não queria beber nada e admirarem-se a cada vez com a minha resposta negativa com uma observação do género Ah, atão dizes que és do Norte e nã bebes. Ora bem. ao fim e ao cabo, a única pessoa do Norte que ali estava era a que não estava a beber e que queria, desesperadamente, ir para a cama. 
Quando, finalmente, decidiram vir, levantei mentalmente as mão ao céu sob forma de agradecimento pela delicadeza. Cheguei a casa já depois das 2h, mas não sem antes escutar uma conversa insólita mas que, infelizmente, pode bem ser o espelho do ponto de vista da maioria dos homens - e mulheres - por este mundo fora. Já caminho de casa, o condutor do carro e outro colega comentavam que três dos outros ainda iriam para um bailarico - bailarico mesmo, não discoteca - e que não voltariam para casa antes de conseguirem "facturar". Perante isto, fiz-me de extremamente ingénua e perguntei-lhes mas o não-sei-das-quantas não é casado? Interrogação para a qual recebi, prontamente, a seguinte resposta: Tá bê, mã nã é capado, né? Posto isto, a minha alma ficou parva e muda. Pela infidelidade de um e pela conivência dos outros dois que, pela resposta que me deram, acham muito bem e deverão fazer o mesmíssimo às respectivas namoradas. Que bem! Uma bela noite, portanto.


Não me interpretem mal, é boa gente (só um tanto ou quanto chalada)
 e têm sido muito simpáticos comigo.

4 comentários:

  1. Quero te amanhã aqui, "no Norte", sem falta! Ou ligo á tua mãe e ela vai te ai buscar por uma orelha! Esses meninao têm mais é que manter o nível à beira da minha fancy sister -_-

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    1. Ai eu queria tanto ir já amanhã para o Porto. Que saudades! :'(
      E vou faltar a todas as apresentações que costumam ser precisamente as únicas aulas teóricas a que costumo ir. Já te disse que este semestre só vou ter aulas laboratoriais às 4as e 5as? Eheh!

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    2. Ou seja, vais andar a pastar que é um consolo! Mas deixa estar que eu acompanho-te, só tenho aulas à quinta a noite, sexta a tarde e sabado de manha x)
      (miss youuuuuuu)

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    3. Mais ou menos, porque também tenho Projecto e algo me diz que isso me vai dar bastante trabalho. :s Então vamos ter muito tempo para vadiar lá no Porto, ihihih. BTW, sugiro já um jantar para a próxima semana em minha casa. Massinha de camarão, yummy.

      (miss you too)

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