domingo, 16 de novembro de 2014

Caso de estudo: O copo

Há um copo sedentário na janela do quarto há semanas. Observo-o todos os dias, nunca se move. Não se põe à sombra nem procura o sol. Impávido, está lá plantado, estou quase certo. Os copos da cozinha não são assim. São nómadas. Ora estão na mesa, ora estão na banca. Às vezes estão sequinhos no armário, outras vezes cheios de água cá fora. Ou ainda no meio termo, molhados e a secar no escorredor. Os copos que habitam a cozinha não passam 2 dias no mesmo sítio.
Pergunto-me porque é que aquele escolheu ser assim. Pergunto-me se escolheu sequer. Talvez seja o seu destino. Talvez o deus dos copos o tenha feito assim e querido assim o seu destino. Talvez apenas espere passivamente que o seu destino mude, porque está escrito. Outro copo, com crenças diferentes talvez se tivesse levantado e migrado até à cozinha. Mas este não.
Se ao menos eu pudesse fazer algo para o mudar... 

(Para que não pensem que estou aqui apenas numa história surrealista non-sense gostava de lembrar que a cultura popular já se debruçou sobre esta temática (de forma menos estilizada é certo) há incontável tempo, e deixou-nos ensinamentos como "fia-te na virgem e não corras")
(que me perdoem aqueles para quem bastava o texto sem esta adenda!)

Sem comentários:

Enviar um comentário

Speak up your mind!