sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Passarinho

Penso essa hora
E não me assusto
Por achá-la longe
Por saber-te robusto,
Por sentir-te longe
Desde sempre.
Sempre longe
- Adivinhava.
É o para sempre
Agora,
Ao ires embora,
Que custa,
Como não achava.

E não estava muito errada
Porque não te lembro por tudo
E por nada,
Só quando uma japoneira
Espreita de um muro
Para a estrada
Me penso à tua beira.

É quase nunca
E quase nem é
De tão leve.
Esta leveza pesada
Qua faço com ela?
A raiva é danada
E não me serve,
Por te conhecer feliz
Como é raro -
Não por curteza.
Por insolência
De não te seres contrário -
Com bendita certeza,
Consciente do mundo,
Assombrosa a beleza
Que absorveste, profundo.
No ruído
E entre o buliço
Tu
Foste,
Sempre,
Só isso.

Tinhas, pois, afazeres.
Bom que fizeste muito,
Isso serve-me um bocadinho
Que servisses o teu intuito,
Livre para correres.
Que nunca se prenda
Um passarinho.

Não me serve o que diz,
Gente que vai e vem,
De ficares querubim
Não sei do que falam
Vejo-te um arbusto
E não percebo latim.
Não vejo tão profundamente.
Mas se te encontro em mim,
Serve-me um bocadinho
Que voes um pouco em nós,
Vetusto.
E, como sempre,
- Nisso consigo ser crente -
                                                           Prossigas noutra gente.


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