sábado, 14 de setembro de 2013

A aparente não relação

Em que é que saber tocar guitarra me pode ajudar no supermercado?
Não tendo moedas de 50 cêntimos ou 1 euro para tirar um carrinho, uma palheta faz as vezes do capital, e até melhor, porque pode ser tirada sem devolver o carro. Se é daqueles que acha que é abuso de poder, coação e trabalho forçado ter de arrumar o carrinho de supermercado para reaver a sua moeda, então aprenda a tocar guitarra.
Claro está, pode apenas arranjar uma palheta, mas não irá mantê-la diariamente na sua carteira com o prazer que faria se efectivamente pudesse tocar com ela. E se há coisa importante é o prazer com que põem coisas na carteira. Veja-se o exemplo paradigmático do dinheiro. Pode-se pôr muito dinheiro na carteira fruto de um trabalho que não é aquele que o realiza, um trabalho do qual não gosta. Vai tapando a frustração com aqueles edifícios europeus que vêm desenhados nas notas, mas não as mete com muito prazer na carteira, e como já disse isso é fulcral. Compra coisas com essas notas, mas é sempre agridoce, porque se por um lado o consumismo o distrai um pouco da sua insatisfação, por outro, quando paga e a sua carteira fica com mais espaço livre, lembra-se que vai ter que a encher de novo. E como? A fazer aquilo que não gosta - o seu trabalho!
Por isso aprenda a tocar guitarra, não compre apenas a palheta. Se não aprender, então em vez da palheta tenha sempre uma moeda de 50 cêntimos consigo, mas só se conseguiu essa moeda de uma forma que o faz feliz. Se não tem forma de obter essa moeda sem frustração, então volte ao início do algoritmo e aprenda a tocar guitarra, porque isso vai distraí-lo com mais qualidade do que comprar um rolex.
Se nada disto resultar passe a fazer as suas compras numa mercearia porque lá não há carrinhos de compras.

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