O
quanto cala rompe o peito
e
engolidas as lágrimas escorrem pelo mesmo buraco a céu aberto
que
lhe vai sorvendo a débil luz no olhar.
Denso
silêncio
absorvente ecoando
numa
torrente que lavra na cabeça e desagua na boca
que
não pode articular
a
espiral que diverge a consciência mas se concentra
em
grito sufocado nunca escutado,
mas
que prestando alguma atenção poderia palpar-se.
A
névoa gelada desce em redor, em arrastão
que
abate tetos sobre o chão que é caminho
das
horas vazias de cabeça insuflada
pelo
quente que está esta lenta noite sem sol.
Pesam
as coisas grandes e as mais pequenas -
que
não têm um grama a menos,
só
ocupam menos dor.
sábado, 20 de junho de 2020
quarta-feira, 17 de junho de 2020
Convicção ou Resiliência ou Fé
Caminhando obstinadamente
acabamos por chegar ao ponto
de estarmos fartos de caminhar.
Nem todas as falências são por falta de determinação e dos seus para-sinónimos.
À semelhança de quase todas as narrativas sobre-simplistas, é presunçosa e curta essa visão.
É um cobertor que não chega aos pés.
Às vezes nem aos joelhos que se querem dobrados.
Às vezes nem aos joelhos que se querem dobrados.
segunda-feira, 8 de junho de 2020
Redundante e Sem Sentido
Hoje o absurdismo pesa-me mil toneladas
E mais do que ser esmagado por este calhau
Custa não haver uma razão para isso.
E mais do que ser esmagado por este calhau
Custa não haver uma razão para isso.
sábado, 6 de junho de 2020
Não Há Beleza Como a Tosca
Não há beleza como a tosca.
Uma pétala em falta.
Um pardal comum.
Um muro de pedra
erodido.
O cabelo desalinhado
soprado no vento.
Não há beleza como a tosca.
Um encanto que é o do mato
olhado como um jardim.
Não há beleza como a Toscana
e eu que nunca lá fui!
Não há beleza como a tosca.
Haverá sequer outra?
Uma pétala em falta.
Um pardal comum.
Um muro de pedra
erodido.
O cabelo desalinhado
soprado no vento.
Não há beleza como a tosca.
Um encanto que é o do mato
olhado como um jardim.
Uma pinha aberta em flor.
A cor da madeira,
o arranjo dos seus nós.
Os nós dos dedos,
finos,
trémulos por vezes.
Uma voz e os medos
finos,
trémula por vezes.
Não há beleza como a Toscana
e eu que nunca lá fui!
Um vestido primaveril numa manhã de domingo
e o regaço florido.
Uma ousadia hesitada em timidez.
Um travo de estática a confirmar uma música antiga.
Ingenuidade e astúcia,
sorrisos fáceis e desafetados,
sorrisos fáceis e de fácil análise.
Um jeito lasso, laxo,
lânguidos corpos
lânguidas tardes,
sol, erva, brisa, simples, pouco.
e as manhãs de domingo sempre com sol.
Uma cicatriz pequena escondida algures
e uma história imprecisa que se avançou.
As flores ao regaçoe o regaço florido.
Uma ousadia hesitada em timidez.
Um travo de estática a confirmar uma música antiga.
Ingenuidade e astúcia,
sorrisos fáceis e desafetados,
sorrisos fáceis e de fácil análise.
Um jeito lasso, laxo,
lânguidos corpos
lânguidas tardes,
sol, erva, brisa, simples, pouco.
Não há beleza como a tosca.
Haverá sequer outra?
domingo, 24 de maio de 2020
Existir
Existir sempre foi mais dissonante do que o pop nos ensinou.
Forte na terça
frágil na quinta
quantas vezes acordei como um leão
e passei o dia a fugir.
Entre os dias e as gentes
e o que eles gritam,
há uma certa esperança na vida
de ela nos dar não sei o quê
mas que valerá mesmo a pena,
toda a pena,
e esse mantra corre desde lá atrás,
no fundo,
e acompanha-nos
e há uma altura em que começamos a dar por ele,
a ouvi-lo,
caminhando no seu embalo.
Mas depois vai-se andando,
vai-se andando e o tempo passa quando se anda,
e o tempo que passa também é uma distância.
E essa batida de fundo
esse som magnífico
vai parecendo mais longínquo,
mais difuso,
vai-se andando
mais implausível,
anda-se mais
ousa-se na análise e reconhece-se — mais ridículo.
E chega um dia que dás conta
que há tanto tempo que não o ouves
que não podes garantir se alguma vez ele soou.
*
Gritamos tantas verdades
e tantas mentiras
todas com a mesma convicção.
Nada é certo
mas a probabilidade acumulada do erro
é esmagadora.
quarta-feira, 20 de maio de 2020
Debaixo do mar
Debaixo do mar
há outro mar
corre mais denso
corre profundo.
Debaixo do mar
azul
corre outro mar
magenta
tingido dos séculos
Tingido dos séculos
fragmentos de sangue,
a alma do corpo,
milhões de fragmentos
gotículas ínfimas
a saber a ferro
sangue forjado
fragmentos, fractais,
perdidos para o mar:
perdidos nas praias
perdidos em terra
lavados pela chuva
escorridos para os rios
deixados no mar.
Densos
a aglutinarem-se no fundo
nas profundezas
nos abismos submersos
onde escorregam
para o centro da terra
metais fundentes
ferrosos
e rubros.
Século de águas tingidas
repetido do anterior
repetido dos seus pais,
dos seus avós,
até à primeira geração.
Até ao primeiro coração humano
a lançar sangue para as artérias e veias do primeiro corpo,
com as primeiras chagas
de uma tradição milenar.
Séculos de águas tingidas
por grandes guerras,
por minúsculas guerras,
por dores proporcionais e desproporcionais
(o que importa?)
sangue erodido do corpo
pela agressão de viver
lavado na chuva
tingindo as águas.
Debaixo do mar
há outro mar
parido das veias.
segunda-feira, 30 de março de 2020
segunda-feira, 9 de março de 2020
O Cavalo Dado
Que jogo de fortuna ou azar o teria ali encostado?
Já ninguém se lembrava de onde tinha vindo nem quem o trouxera. Mas era um equídeo magro, com os lados côncavos da desnutrição e com grande dificuldade em se alimentar porque nem dentes tinha — e claro ninguém os tinha olhado.
Também não fazia grande trabalho na quinta e tinha muita dificuldade em locomover-se. Normalmente para se mexer tinha de ser sempre lançado por alguém, devido à sua forma cúbica.
Também não fazia grande trabalho na quinta e tinha muita dificuldade em locomover-se. Normalmente para se mexer tinha de ser sempre lançado por alguém, devido à sua forma cúbica.
sábado, 8 de fevereiro de 2020
Quis Ser Infinito
Quis ser infinito
Quis ser uma semi-recta
Quis ser eterno
estender-me para sempre
e mais um pouco.
Quis vencer a morte
Cruzar o limite do silêncio
e continuar a falar.
A minha voz
A falar
A falar
A falar
Ou um eco (eco eco)
Ou eco de eco (de eco de eco eco)
Dela.
Da minha voz.
A ouvir-se por aí, para além do tempo.
Tentei esticar-me. Dedos dendríticos como raízes, a infiltrarem-se para lá de mim no mundo.
Medo!
A ânsia de abarcar cada vez mais não é senão o sintoma do medo,
é a súplica de ter onde fincar as unhas
quando formos inexoravelmente puxados para a sombra.
Tentei ser poeta.
Tentei fazer a música. Metafórica e real.
Tentei descobrir algo. Descobri que é difícil.
Tentei ser bom.
Mas nem a minha poesia, nem a minha música, nem as minhas boas ações se pareciam reproduzir e assegurar uma descendência infinita.
Tentei loucuras:
com os resultados que se conhecem.
Tentei amar
Tentei que me amassem.
E os objectos do amor também eram mortais e finitos.
Então quis conhecer Deus.
Chegar à beira dele.
Falar - lhe
em canal directo e privado — Iluminado.
Quis mostrar Deus — Profeta.
Até que quis ser Deus.
Tentei destilar-me.
Fugir à diluição a que se resume a minha individualidade entre oceanos de individualidades.
Quis purificar esse extrato
Puro
Precioso
Valoroso
que eu sei ser.
Só não vi bem ainda em quê. Nem ninguém viu. Mas eu sei que está lá.
Sinto-o tão bem, tão nitidamente, quase se vê, à luz do meu viés egocêntrico — oh, qual farol!
Purificar e perpetuar essa fragrância, que o mundo tem direito a usufruir. Que é até imoral se não a der.
E só quando concretizei o esforço de chegar cada vez mais perto dessa minha essência é que percebi.
Era uma caixa, e dentro dessa caixa uma outra caixa, e dentro outra, e aí outra ainda, e aí dentro outra sequência como esta, e mais uma volta, e finalmente na última caixa:
nada.
E nada não dura. Muito menos para sempre.
Mas nada é o denominador que compõe o infinito. E o infinito não existe senão numa conceptualização, abstracta, quimérica, na mente de seres efémeros como eu.
Eu sou o que divide por zero.
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020
Metanálise da Morte
Morremos sempre sozinhos.
Uma mão dada têm os afortunados, na hora última, a aconchegá - los.
Estão sozinhos na mesma.
Podemos viver com companhia, por vezes. Mas morremos sempre sozinhos. Podemos ter alguns corpos, físicos, a acenar do cais. Chorosos lenços de adeus erguidos ao vento. Mas no navio, de mão dada com a solidão, não vai mais ninguém. A travessia fazêmo - la sozinhos. Em terra ficam, os que ficam em Terra.
Não importa a que resquícios físicos achemos que nos agarramos. Do outro lado não há matéria que se leve. Nem notícias que se tragam.
sábado, 1 de fevereiro de 2020
O Pouco Tempo que o Tempo Tem
Sabe-se que a vida é curta porque estamos sempre a ter de partir demasiado cedo e sempre a chegar demasiado tarde.
sexta-feira, 17 de janeiro de 2020
A Falácia de Gertrude Stein
uma rosa é uma rosa é uma rosa
e poesia é poesia e às vezes é prosa
e às vezes também é rosa
ou mesmo azul
ou outras plantas
e às tantas às tantas
o que é belo é belo há é que vê-lo
e o resto no invisível também pode sê-lo
há é que vê-lo
há é que vê-lo!
e poesia é poesia e às vezes é prosa
e às vezes também é rosa
ou mesmo azul
ou outras plantas
e às tantas às tantas
o que é belo é belo há é que vê-lo
e o resto no invisível também pode sê-lo
há é que vê-lo
há é que vê-lo!
sábado, 30 de novembro de 2019
E a vida foi acontecendo
E a vida foi acontecendo
e nada mais foi simples
nada mais foi puro
ou evidente.
As certezas que eram muitas levantaram-se
e deram lugar só
à certeza da perpétua dúvida.
perpétuo tremor ao indicar.
a intenção com folga
que não aponta bem para nenhum lado.
O bom caminho passou a ter maus pedaços
e para nosso maior pesar
os caminhos mais reles ornamentaram-se de coisas boas
e interessantes
a tal ponto de serem indistintos.
Assustador como a vida se aproximou tanto da biologia.
Incerta. Probabilística. Básica.
Como gerações e gerações de ratos
a foderem uns com os outros,
ninhada após ninhada,
a fugir da extinção,
rumo a lugar nenhum.
Nós também.
Cada passo um passo mais longe do início
no êxtase da fuga só às vezes nos apercebemos que a fuga não é o plano.
cada passo um passo roubado à morte, dizia-se,
e a morte a rir-se que nem uma perdida
se tiver boca para isso.
Biologia!
Menino, tem o ADN necessário para vingar nesta selva e estabelecer-se no topo da pirâmide.
No topo, sim!
Não, isso não podemos garantir.
Pode, pode claro, pode ser comido por um leão,
sem dúvida.
mas não se preocupe, provavelmente morrerá de uma forma bem mais estúpida.
Mas está equipado com o último grito de programação genética,
está, vem com a última versão
homo sapiens sapiens.
A vida também tem sido disto
poder ser o rei da selva
mas viver obcecado no pavor de sentar o rabo no insecto errado.
Mas onde é que eu ía?
Na vida,
que foi acontecendo — isso!
e a vida foi acontecendo
e o nevoeiro foi-se instalando
e com esse breu é que se viu bem
que os limites que desvaneceram
nunca lá tinham mesmo estado.
e a vida foi acontecendo
e o que era bom ficou ainda melhor quando revisto
e o que era mau ficou bom também
e o contrário disto também se verificou profusamente
e as parcelas eram já tantas
que a matemática se complicou a um ponto
que decretaram:
já não havia computação que chegasse.
para aquela conta
para uma resposta.
e qualquer resposta que se dê
sabemos
que só sabemos
é que está errada.
e nada mais foi simples
nada mais foi puro
ou evidente.
As certezas que eram muitas levantaram-se
e deram lugar só
à certeza da perpétua dúvida.
perpétuo tremor ao indicar.
a intenção com folga
que não aponta bem para nenhum lado.
O bom caminho passou a ter maus pedaços
e para nosso maior pesar
os caminhos mais reles ornamentaram-se de coisas boas
e interessantes
a tal ponto de serem indistintos.
Assustador como a vida se aproximou tanto da biologia.
Incerta. Probabilística. Básica.
Como gerações e gerações de ratos
a foderem uns com os outros,
ninhada após ninhada,
a fugir da extinção,
rumo a lugar nenhum.
Nós também.
Cada passo um passo mais longe do início
no êxtase da fuga só às vezes nos apercebemos que a fuga não é o plano.
cada passo um passo roubado à morte, dizia-se,
e a morte a rir-se que nem uma perdida
se tiver boca para isso.
Biologia!
Menino, tem o ADN necessário para vingar nesta selva e estabelecer-se no topo da pirâmide.
No topo, sim!
Não, isso não podemos garantir.
Pode, pode claro, pode ser comido por um leão,
sem dúvida.
mas não se preocupe, provavelmente morrerá de uma forma bem mais estúpida.
Mas está equipado com o último grito de programação genética,
está, vem com a última versão
homo sapiens sapiens.
A vida também tem sido disto
poder ser o rei da selva
mas viver obcecado no pavor de sentar o rabo no insecto errado.
Mas onde é que eu ía?
Na vida,
que foi acontecendo — isso!
e a vida foi acontecendo
e o nevoeiro foi-se instalando
e com esse breu é que se viu bem
que os limites que desvaneceram
nunca lá tinham mesmo estado.
e a vida foi acontecendo
e o que era bom ficou ainda melhor quando revisto
e o que era mau ficou bom também
e o contrário disto também se verificou profusamente
e as parcelas eram já tantas
que a matemática se complicou a um ponto
que decretaram:
já não havia computação que chegasse.
para aquela conta
para uma resposta.
e qualquer resposta que se dê
sabemos
que só sabemos
é que está errada.
terça-feira, 4 de junho de 2019
I Am Just Like... Such a Perfectionist
De maneira que após várias décadas a consumir muitos produtos, muitas vezes, e sempre muito diferentes e diferenciados, a evolução natural foi transferir todas as metodologias do marketing para o ser humano e reduzir a sua dignidade a pó da calçada. Sou a minha própria marca. Sabemos estes chavões do mundo empresarial de cor e somos tão cool e profissionais no LinkedIn, a arena dos gurus do marketing pessoal. Alguns desses gurus, com quem nunca falei na vida, resolveram dar-me os parabéns através do chat da plataforma. Certamente que no website LinkedIn 101 há um guia de protocolo para o sucesso que salienta a letras gordas a importância de inundarmos desconhecidos com cordialidade frívola. É um assunto sensível para mim que sempre apreciei bastante o meu aniversário. Sabe-me bem celebrar-me a mim própria junto dos meus e por isso estes parabéns de aviário vêem, de certa forma, tirar o sabor aos parabéns caseiros.
Mais uma entre cem cães a um osso, todos muitos básicos e cinzentos, todos a tentarem destacar-se mas não suficientemente inovadores para serem considerados aquela mais-valia que faz fit com o cargo. Pobre de mim que não tenho um CV avant-garde, agora a moda é o fluorescente e o elevator pitch, as skills, o RH, o headhunter, o talent spotter, o workaholism, o briefing, o forcing, as milestones, o achievement, a performance, as buzzwords, o STRESS....
Focada no slogan que me vai vender melhor em entrevistas, a deixar de almoçar comida, têm-me servido networking temperado com contactos e influências, um bocado indigesto para mim que até adoro conversar à refeição mas o meu estômago é muito sensível à pressão.
segunda-feira, 8 de abril de 2019
Ensimesmando
Demorada caminhada esta, os minutos sabem-me a horas, sem fim à vista e se ao menos passasse uma aragem, uma brisa que
disfarçasse este silêncio nem que fosse só um bocadinho. Nunca mais lá chegamos
para dar meia volta e voltar para casa, ao meu silêncio, intencional e
não imposto por este bando de mal conhecidos taciturnos e abafadiços, acho que
isto se pega, às tantas fujo e ninguém dá por ela ou se calhar tento entabular
conversa, mas só mais uma vez que a minha vida não é isto de ser mestre de
cerimónias acidental. Se não pegar falatório amuo e calo-me de vez e fiquem para aí nesse
minuto de silêncio perpétuo que eu francamente não entendo, ainda nem sequer é
Páscoa, e ainda que fosse vocês nem são católicos, portanto para quê tanta
solenidade? É que se era para estarem calados a tarde toda não tinham vindo. Nem vocês,
nem eu. Embaraçoso desperdício de um sábado perfeitamente razoável na vossa companhia e não
me lixem que não sou eu a tagarela, são vocês que são mal educados e isto já me começa a doer. Sou menina para apreciar um bom silêncio entre amigos ou família, agora, nós
não andámos juntos na escola, não temos intimidade para isto, caminhar de olhos colados no pés e a moumar monossílabos. Na minha terra fala-se e se não há assunto inventa-se, pois, não andamos neste mundo para fazer só o que nos apetece, em nome da convivência
façam o favor de disfarçar o desinteresse e se a desculpa é a língua ser diferente digam que eu também falo
gestos, se for preciso, agora esse encolher de ombros não transmite nada e esse acanhamento está a tornar-se físico, eis que o pescoço baixa e o tronco se contrai, quase que desaparecem - o que nem seria a pior coisa. Virem ser bicho do mato para tão longe... Olha, sempre
chegámos, não há mal que sempre dure, vamos só então ali provar um chisquinho
de aligot para isto ter valido a pena,
que nem eu, nem vócês temos isto em casa, depois vou-me embora que não aguento
mais, se quiserem ficar, sim senhor!, eu vou indo e encontramo-nos por aí, ou se
Deus quiser então não, pelo menos se depender de mim não me apanham noutra.
Numa próxima pergunto quem vem, não é coisa elegante de se fazer, mas este deserto de conversa está longe de constar no meu protocolo.

Nunca me apareçam num elevador.
quinta-feira, 7 de março de 2019
Crise idiopática
hoje sofro de existencialismo agudo
será que a bolha especulativa da vida-para-além-da-metafísica rebentou?
ou será só por ter dormido mal?
ontem com este mesmo cadastro e menos um dia de saber
eu era todo agir.
hoje sou só pensar.
e dói-me tudo o que penso.
e razões na vida nunca faltam
(para o lado que se quiser)
mas ontem com o mesmo histórico
eu era um tipo jovial.
desde ontem nenhuma namorada me deixou,
nenhum dos meus sonhos se materializou numa espectável decepção,
nem mesmo o meu chefe me ralhou por um qualquer não-assunto.
enrolo - me na primária posição fetal
e concluo redondo:
a causa
fará parte da tríade habitual -
ou é fome, ou é sono, ou é só uma merda idiopática.
será que a bolha especulativa da vida-para-além-da-metafísica rebentou?
ou será só por ter dormido mal?
ontem com este mesmo cadastro e menos um dia de saber
eu era todo agir.
hoje sou só pensar.
e dói-me tudo o que penso.
e razões na vida nunca faltam
(para o lado que se quiser)
mas ontem com o mesmo histórico
eu era um tipo jovial.
desde ontem nenhuma namorada me deixou,
nenhum dos meus sonhos se materializou numa espectável decepção,
nem mesmo o meu chefe me ralhou por um qualquer não-assunto.
enrolo - me na primária posição fetal
e concluo redondo:
a causa
fará parte da tríade habitual -
ou é fome, ou é sono, ou é só uma merda idiopática.
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