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domingo, 4 de setembro de 2016

Cidadãos de Segunda Classe



Em Portugal? 
As mulheres recebem, em média, menos 9200 euros/ano do que os homens.

Nos países da UE, os homens recebem, em média, mais 16% 
do que as mulheres com funções iguais

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Vai e Anuncia




Porque a História é cíclica, será sempre necessário parar e refletir sobre tudo o que já aconteceu até aqui. Tal como a História, a Política não pode ser feita de cabeça quente, uma cabeça que lateja com raiva, medo e preconceitos não tem capacidade para tomar decisões conscientes. A intolerância nunca gerou nada de bom. 
Os americanos até mereciam que ganhasse o Trump! Os americanos não são especialmente burros nem especialmente maus. Pelo contrário, é uma terra onde muita coisa boa acontece, todos os dias. No meu país, de onde partem tantos emigrantes, não vejo assim tão boa vontade para com os imigrantes. E também não vejo assim tanta lucidez em relação à Política. A minha cidade foi dirigida durante duas décadas por um homenzinho incompetente (excepto no que toca a campanhas e ganhar eleições), prepotente e corrupto. Mesmo quando se percebeu que até criminoso era, a popularidade manteve-se. E, tal como Trump, ele nunca se esforçou muito para disfarçar a sua índole. Os meus conterrâneos são tão espantosamente fáceis de convencer, mais eletrodoméstico, menos eletrodoméstico. O que não é de espantar, se virmos bem, o discernimento dos marcoenses é proporcional ao tamanho do espólio da biblioteca e do museu municipal: lamentavelmente escasso. Quando o Trump  perder nos EUA, digam-lhe para concorrer à Câmara Municipal de Marco de Canaveses, ganha tranquilamente. Sem sequer precisar de pavonear a sua bela esposa, importada da antiga Jugoslávia.
No meu pedacinho de terra somos sempre mais bonitos e melhores do que do outro lado da estrada. Vou reforçar a minha cerca porque o projeto de vida do meu vizinho da frente é, claramente, vir-me para aqui destruir o jardim. É a única coisa que ele sabe fazer, destruir jardins.
Aquela passagem bíblica sobre atirar a primeira pedra ecoa até hoje, a ignorância aliada a uma urgente prontidão para atirar pedras é a melhor construtora de muros e o mecanismo é sempre o mesmo, seja no meu bairro, seja a nível global. 


quinta-feira, 14 de julho de 2016

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Go Figure!




For you must remember that in those days of gross viviparous reproduction, children were always brought up by their parents and not in State Conditioning Centres.
Aldous Huxley, in Brave New World

sábado, 23 de janeiro de 2016

Tatá, a Baronesa de Lazarim

Acredita se lhe disser que plantou uma arca vitoriana mesmo ali no meio do salão. Não acha que é mesmo de quem não sabe o que fazer ao mobiliário. Se já não tinha espaço, guardava nos arrumos. Ou, se queria preencher o espaço, para não dar um ar assim tão despido à divisão, punha um confident ou um pianinho de cauda e até lhe punha em cima uma jarra da Vista Alegre Atlantis. Quem diz uma jarra diz outra peça como aqueles anjinhos com asas em biscuit sentado da edição especial, que fizeram agora para o Natal. São engraçadíssimos. Em cristal, por tudo o que é mais sagrado, em cristal, não me andem a pôr vidro. A piroseira, como umas e outras, a encher o bar com frascos e garrafas de vidro, é uma falta de estima pelo uísque malte de 20 anos. Fizesse eu tal, o Álvaro não me perdoava. É que podia esquecer a minha gargantilha nova pelo aniversário. É um querido, adora-me de morte, mas há faltas que não tolera. E é uma questão de bom senso, já se sabe que no vidro o sabor nunca é o mesmo. Mas atenção que a moda já não é o que era, a rolha diamantada, giríssima que ela é, já não se vê. Agora é tudo muito mais assim para o minimalista, sem exagero na lapidação de base e a rolha, se tiver, é um detalhezinho muito singelo. Ainda que a sua casa seja clássica, tome atenção, a menina não quer passar-se pela pindérica de Odivelas que chegou anteontem à Linha. E não deixa de ser uma delicadeza que faz à criada, a pobre criatura vai agradecer-lhe horrores por ter menos reentrâncias na hora de limpar o pó. 



quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Natal.

Estamos no Natal. Celebra-se o dia que, todos sabemos, não foi o dia em que Jesus terá nascido. Mas já aí vamos.
Vamos primeiro à forma como eu gosto de ver as pessoas. Todos nós, como seres biológicos que somos, devíamos ter um sentido/instinto de espécie. E como seres conscientes que somos devíamos tê-lo racionalmente presente na forma como agimos. Mas mais do que apenas uma espécie, eu gosto de nos ver ainda de uma forma um pouco mais conexa, porque somos indivíduos que podem ter consciência desse sentido (de espécie), e isso é-nos único. Cada um de nós pode (e deve) ter a consciência não só do seu papel individual, mais ainda, não só do seu contributo nos grupos de indivíduos como famílias ou comunidades, mas da sua imperativa participação, por direito e por dever, para o grupo mais abrangente, a espécie. Pois é, para além das razões morais, religiosas, românticas, etc, esta é a perspectiva biológica que sustenta a acção não egoísta, a acção solidária.
Agora do interesse geral julgo que seja a sobrevivência da espécie, como o é em todas. Creio que ainda não estejamos em iminente risco, apesar de algumas acções desastrosas sobre as quais não vamos discorrer hoje. Mas porque somos ambiciosos e tivemos a sorte de vir tão bem equipados com poder intelectual, julgo que devemos almejar algo mais do que a mera sobrevivência da espécie — a sobrevivência com qualidade. E julgo que facilmente concordaremos que sobrevivência com qualidade será mais facilmente traduzida como felicidade. Retenha-se então esta ideia.
Voltando ao Natal, que recordamos ficou associado ao nascimento de Jesus. Jesus é o fundador de uma religião. Ora Jesus não foi certamente o único a fazer isto, mas fê-lo de uma forma que se tornou uma das mais populares, sobretudo no ocidente. E o que é isto, uma religião? É um sistema de pensamento, uma doutrina, argumentos intelectuais/espirituais, destinados a estimular este imperativo de grupo, de pertencermos todos a algo comum e maior. Um objectivo partilhado e maior que o indivíduo em si. Uns dirão que isso é o paraíso ou o reino dos céus, outros que essa identidade comum é o próprio Deus, outros dirão que a humanidade é como um super-organismo imensamente complexo mas uno, (os americanos dirão que isso é a constituição dos EUA)...

Sem se preocupar muito com o o nome a dar a isso, ou com a teoria que o conduz lá, a conclusão aqui será sempre similar — este natal, faça a sua espécie mais feliz!
(mensagem também válida para animais de outras espécies que me estejam a ler)

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

O problema de Portugal - 2

O problema de Portugal era que o que os portugueses mais gostavam de ver na televisão era novelas brasileiras.
Agora já não é assim. Viva o nacionalismo!!
Agora o problema de Portugal é que o que os portugueses mais gostam de ver na televisão é a casa dos segredos.

Mudam-se os tempos, mudam-se os canais. O vácuo de conteúdo nem por isso.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O problema de Portugal

O problema de Portugal não é ser um país de 10 milhões de habitantes. O problema de Portugal é ser um país de 10 milhões de portugueses.
10 milhões que pensam à português, e agem à português. 10 milhões de despreocupados no início do mês e 10 milhões de coitadinhos mais para o fim do mesmo mês. Em Portugal sofre-se muito de coitadismo. O problema de Portugal é que tem políticos portugueses, com a agravante de ter eleitores portugueses.

A sorte de Portugal? é que pode ser que um dia volte a lembrar-se de ser um país de 10 milhões de PORTVGVESES.

e este cliché espirrado aqui no final? hã?

terça-feira, 5 de agosto de 2014

O barbeiro

O barbeiro: mestre que domina de igual modo a arte de tosquiar artisticamente o cabelo como a de ter uma conversa genérica com um estranho.
Perito em substituir um silêncio em que nada se diz por uma conversa onde se diz tão pouco como se se continuasse calado.
Nem sempre terá sido assim. Tempos houve em que o barbeiro ( barbeiro-cirurgião) era um homem temido e por conseguinte respeitado. Exímio conhecedor do corpo humano, a lâmina  tanto cortava a barba como atravessava a pele, assim mandasse o caso. Sem anestesias nem conversas da treta. Sem a falsa promessa de que "não vai doer", porque ia, e porque a dor faz parte da cura, diziam, sem apoio bibliográfico a fundamentar. Sem uma conversa amena "nos entretantos" para distrair da agonia da antecipação.
Hoje não. Hoje fala-se do curso, de futebol e da notícia que estiver a dar na televisão, de tudo isso mas da maneira mais genérica possível. Fala-se de tudo sem se dizer nada. Nada de jeito pelo menos...
E o que foi feito do silêncio só quebrado por silvos de dor ou por alguma informação realmente relevante? Hoje é o oposto, não há silêncio, mas há gritos de tédio que são intensos mas mudos...

domingo, 5 de janeiro de 2014

Da Sopa

À mesa de jantar, o meu primo de 7 anos, na minha diagonal, fita o seu prato mal cheio com uma concha de sopa que mal cobre os desenhos da cerâmica. Olha aquela suspensão aquosa com uma dor que nem Sócrates sentiu perante o seu cálice de cicuta.
Por minha vez. a sopa sabe-me lindamente, nesta fria noite de janeiro. E custa-me acreditar que lhe possa custar tanto a ideia de comer tão poucas colheres de uma coisa que é praticamente só água, quase sem vegetais. Acto contínuo, recordo a angústia que eu sentia na idade dele perante um prato de sopa. Os doze trabalhos de Hércules foram, com certeza menos penosos do que a longa odisseia que era, para mim, ingerir vinte colheres de sopa. Aquelas algas verdes à tona do caldo... Quais bichos repugnantes! Sim, comer sopa não era de todo agradável, era uma tortura, para mim e para os meus pais que muito se empenhavam em fazer de mim uma criança saudável e bem nutrida. Era uma batalha travada a todos os jantares, ganha ora por mim, ora por eles. Muitas vezes com lágrimas e súplicas à mistura. Sim, já me lembro, nitidamente daquela sensação de quase raiva que sentia por não me deixarem passar directamente para o bife com batatas fritas e ovo estrelado (como era fácil fazer uma criança feliz, outrora). 
Após pensar melhor, compreendo tão bem a dor do meu primo. Subitamente, sinto compaixão pelo infante que não entende que a sopa não sabe assim tão mal e faz muito bem à saudinha. Não é fácil viver num mundo em que quase tudo o que sabe extremamente bem, nos causa um extremo mal. Não obstante, à medida que crescemos vamos, gradualmente, aceitando esta inexorável verdade. Hoje, posso dizer que adoro sopa, tanto como aquela gente que eu achava louca quando me dizia que a "sopa é do melhor que há!". De facto, é. É do melhor, cheiinha de fibra, ferro, vitaminas, até ao infinito e mais além, para mim que pretendo viver muito para lá dos cem. Só é pena que continue a gostar das outras coisas menos benéficas, cheiinhas de corantes, conservantes, gorduras trans, etc, etc. Mas, quiçá, lá chegarei. Passos pequeninos.