De vez em quando, com o coração a bater, dava bruscamente meia volta: que se passava nas minhas costas? Talvez a coisa começasse por trás de mim, e, quando me voltasse, fosse já tarde. Enquanto pudesse fixar os objectos, nada se passaria: olhava todos os que podia, pedras do chão, casas, candeeiros a gás; os meus olhos iam rapidamente de uns para os outros para os surpreender e os deter a meio da sua metamorfose. Não estavam com um ar inteiramente natural, mas eu dizia com força, para comigo: é um candeeiro, é um marco fontanário, e tentava, pelo poder do meu olhar, reduzi-los ao seu aspecto quotidiano.
Jean-Paul Sartre, in A Náusea
A perfeita descrição do que experiencio sempre que ando às escuras.
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