Burro que caminhas
mas não corres
nessa tua pele de burro
nesse teu pelo castanho e nítido
que contrasta contra este nevoeiro branco.
Tu que entendes o mundo pelos cascos
e que não é uma forma pior nem melhor
de o entender
do que a minha,
é simplesmente diferente
e é-me inacessível.
Tu com as tuas duas orelhas evidentes
que dançam à frente das minhas imóveis e encolhidas orelhas,
ouves tão melhor que eu
mas nunca ouvirás
o desdém
com que usamos o vocábulo que atribuímos para te designar.
E ouvindo
se entendesses
provavelmente nem te importarias
porque o orgulho deve ter pouca expressão
fora da espécie humana.
E é tão bacoco.
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